A leonina (Who's Afraid of Little Old Me?)
Sabia que minha cor favorita era amarelo?
Mas eu tive que vestir o roxo com todos os teus socos
E a cada julgamento por não caber nas caixinhas
Fui escurecendo
Cortando mais pra ver se me encaixava
E fizeram vista grossa enquanto eu sangrava
E foi assim que eu aprendi a mentir, a fugir
A me fracionar
Porque eu nunca coube inteira
Eu queria tanto fazer parte
Que criei várias versões de mim para tentar ser validada
Mudei o cabelo mais vezes do que consigo lembrar
Cada vez matando a versão anterior
Para conseguir continuar fingindo
Não saber as rodas pelas minhas costas
Tentando ser cada vez mais forte, fria, discreta
Todas as minhas tentativas
Acabaram me afogando enquanto eu tentava anestesiar a dor
Que eu achei que aguentava
Mas mais um médico me diz que eu levei meu corpo ao limite
E eu percebo que eu já não suportava mais há anos e fui arrastando
Hoje fazem 49 dias que estou afastada do trabalho
49 dias arrancando os band-aids e lambendo as feridas
6 meses longe dos olhos da minha cidade natal
Que me assombra mesmo na distância
Ainda me pergunto se eles tem noção
Do quanto eu me desmanchava e destruía cada vez mais minha essência
Perdida dentro dos sistemas de rótulos que eu nunca coube
Ao ponto de encarar a porta e não conseguir por o pé para fora
E eu não quero mais fazer parte
Se fazer parte significa entrar na caixa de boneca
Ou qualquer outra caixa tentando ser amada
Hoje eu vou pegar o fósforo
Usar minhas lágrimas como combustível
Tudo em mim queimando na intensidade da minha pior crise de pânico
O fogo acabando com a frustação e a importância da opinião alheia
Meus olhos estarão apenas onde está o amor genuíno
E vocês, vocês vão ouvir falar de mim!
Comentários
Postar um comentário